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| Imagem: Ilustração |
A
investigação é do Ministério Eleitoral da 27ª zona, em conjunto com o Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do MPRN, e apoio
da Polícia Militar do RN (PM/RN).
A
ação visa descortinar um esquema delituoso instalado na prefeitura, onde o
ex-prefeito George Retlen Costa Queiroz teria montado uma “central de doação de
imóveis”, concedendo direitos reais de uso de 616 terrenos para inúmeras
pessoas, sem observância do procedimento legal, sem verificação de alguma
carência dos favorecidos, sem manifestação jurídica, sem publicidade e sem autorização
do poder legislativo.
Desse
total, 487 bens públicos foram “doados” a particulares nas proximidades da
eleição municipal de 2016, época em que George Queiroz foi candidato à
reeleição.
Ao
todo, os bens desviados pelos integrantes do grupo criminoso foram avaliados em
R$ 4.546.080,00, com determinação de sequestro de tal valor pelo Juízo da 27ª
Zona Eleitoral, diz nota do portal do Ministério Público do RN (MPRN).
Além
do sequestro dos bens, foram cumpridos nas residências de todos os investigados
e na sede de uma empresa, 11 mandados de busca e apreensão, nos municípios de
Jucurutu e Natal, com a participação de 12 promotores de Justiça, 17 servidores
e 38 policiais militares.
O
grupo delituoso teria atuado sob o comando de George Queiroz e da suposta
idealizadora do esquema, a ex-secretária municipal de Assistência Social,
Francisca Fabiana Batista Monteiro.
Além
deles, o MP Eleitoral apura a participação dos servidores Arinaldo Lopes de
Araújo e Maria José Araújo Lopes de Sá, contando, ainda, com a atuação do
empresário Roberto dos Santos Silva, conhecido por “Pompom Sat”, e dos
vereadores Fagner Bezerra de Brito, o “Faguinho”; Rubens Batista de Araújo,
conhecido por “Rubinho”; e, Willame Lopes de Araújo, o “Negro do Detran”.
Os
vereadores não só auxiliaram na concessão de terrenos, como obtiveram imóveis
públicos para si ou seus parentes.
De
acordo com linhas de investigação, servidores públicos ocupantes de cargos
comissionados, familiares de funcionários públicos e outras pessoas que não
precisavam de recebimento de imóvel, teriam sido beneficiados pelo esquema de
agraciamento de correligionários, em detrimento de pessoas que necessitam de
programas habitacionais para obterem moradia.
Para
tanto, o ex-prefeito atendia pessoalmente os futuros beneficiários em seu
gabinete ou até mesmo nas ruas, comunicando a concessão verbalmente e
determinando à sua auxiliar de primeira ordem, Maria José Araújo Lopes de Sá, e
à Francisca Fabiana Monteiro, que preparassem todos os documentos necessários à
concessão, emitindo esta última pareceres ideologicamente falsos sobre renda
familiar ou local de moradia dos agraciados.
De
igual modo, o empresário Roberto dos Santos Silva seria peça importante no
esquema criminoso, agindo como se servidor público fosse, um verdadeiro
secretário particular de George Queiroz, realizando atendimentos na sede da
Prefeitura, onde concedia imóveis em nome do ex-prefeito.
Por
sua vez, Arinaldo Lopes de Araújo era o responsável pela escolha dos terrenos.
Dessa
maneira, George Queiroz “doou” vários imóveis públicos a particulares
apoiadores ou seus eleitores, sem que as pessoas deles necessitassem, tendo
como única qualidade verificada nos agraciados, exatamente, estarem do seu
“lado político”, ou como dizem as pessoas mais simples, “seguirem” o prefeito.
Há
indicativos de que os terrenos foram concedidos diretamente para os vereadores
Rubens Batista de Araújo e Willame Lopes de Araújo, para o empresário Roberto
dos Santos Silva e para a própria secretária Francisca Fabiana Batista
Monteiro, utilizando-se de “laranjas”, os quais constaram formalmente como
beneficiários.
O
MP Eleitoral agora, diante de todo o conjunto de material probatório, irá
debruçar-se sobre o conteúdo apreendido, que servirá para confirmar, ou não, as
suspeitas iniciais, sendo o próximo passo do planejamento da investigação a
análise global das evidências, no que se resultará em oferecimento da denúncia
ou arquivamento dos autos.


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