Ivan Padilha/Reprodução |
O
Ministério Público Federal do RN (MPF/RN) em Assú ingressou com uma ação de
improbidade administrativa contra o prefeito de Pendências, Ivan de Souza
Padilha (PMDB).
O
gestor é acusado de contratar por três vezes - uma delas sem licitação -
empresa para fornecimento de combustíveis (gasolina, óleo diesel e
lubrificantes) para os veículos do município, em 2012 e 2013, com preços acima
do mercado e em quantidades muito superiores às necessárias.
Ao
todo, o prejuízo aos cofres públicos foi calculado em R$ 476.381,02, levando-se
em conta apenas a diferença entre os valores pagos e o preço médio dos
combustíveis no estado, destaca a informação da assessoria de impr4ensa da
instituição ministerial, na capital potiguar.
Porém,
além do sobrepreço, as investigações apontaram que a quantidade adquirida era
muito superior à demanda, pois dividida pelos “carros de passeio” da frota
municipal representaria mais de 22 mil litros por ano, para cada um.
O
procurador da República Victor Queiroga é autor da ação que revela, além do
sobrepreço e da compra de quantidades acima das necessárias, a utilização
indevida de recursos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE),
que deveriam ser investidos exclusivamente no transporte de estudantes e não
para abastecer toda frota da prefeitura.
No
Pregão n.º 02, de 2012, o prefeito adotou pregão presencial, quando deveria
adotar a modalidade eletrônica (que facilitaria uma maior concorrência) e
promoveu pesquisa mercadológica com apenas dois fornecedores, problemas que se
repetiram no Pregão 01, de 2013 e na Dispensa 02, também de 2013.
Nas
três ocasiões, o volume de combustíveis contratado estava muito acima da
demanda e o preço superior ao do mercado.
Em
2012 foi selecionado o Posto Frei Damião Ltda., ofertando gasolina a R$ 2,87,
quando a média praticada era de R$ 2,69, de acordo com a Agência Nacional do
Petróleo E Biocombustíveis (ANP).
A
diferença no álcool era ainda maior (R$ 2,45 a R$ 2,20) e o sobrepreço se
repetia no diesel (R$ 2,08 a R$ 2,00).
Foram
adquiridos 542 mil litros de gasolina, 276 mil de álcool e 498 mil de diesel,
totalizando R$ 3.267.580.
Pelo preço médio, a mesma quantidade teria saído R$ 206 mil mais barato.
Pelo preço médio, a mesma quantidade teria saído R$ 206 mil mais barato.
No
pregão de 2013, o mesmo posto saiu vencedor dos lotes referentes a
combustíveis, novamente com preços acima da média.
Foram
651 mil litros de gasolina, 304 mil de álcool e 648 mil de diesel, por R$ 4.268.350.
O
sobrepreço foi de R$ 256 mil.
No
mesmo pregão, houve ainda um lote que envolvia a compra de gás de cozinha.
A
empresa vencedora (Marcelo M. da Silva – ME) repassou 2.035 botijões de 13 kg a
R$ 41,27, perfazendo o valor total de R$ 83.984,45.
Nesse
caso, o prejuízo ao poder público, levando em conta o valor médio do botijão no
RN à época, foi de R$ 3.785.
Isso
sem considerar que em muitos municípios do interior do estado (como Caicó,
Currais Novos, Mossoró, Parnamirim e São José de Mipibu) o preço médio era
ainda menor, 10,64% abaixo do valor licitado.
Enquanto
promovia esse pregão, Ivan Padilha dispensou licitação para contratar o
fornecimento de combustível, lubrificante, graxas em geral e outros, pelo
período de um mês.
O
procedimento poderia ter sido evitado se houvesse o devido planejamento, porém
o MPF/RN aponta que o prefeito optou por “fabricar uma emergência” para permitir a
dispensa de licitação.
Das duas únicas propostas apresentadas, a do Posto Frei Damião Ltda. foi a vencedora e também trouxe preços acima da média do mercado, gerando prejuízo de R$ 9.285,92.
Das duas únicas propostas apresentadas, a do Posto Frei Damião Ltda. foi a vencedora e também trouxe preços acima da média do mercado, gerando prejuízo de R$ 9.285,92.
Em
2012 foram licitados 1.316.000 litros de combustíveis.
Já
em 2013 foram 1.603.000 litros, um acréscimo de 21,81%.
A frota da prefeitura era composta de 82 veículos, dos quais 31 aparentemente poderiam utilizar o óleo diesel e os 51 restantes álcool ou gasolina, sendo nove desses motos.
A frota da prefeitura era composta de 82 veículos, dos quais 31 aparentemente poderiam utilizar o óleo diesel e os 51 restantes álcool ou gasolina, sendo nove desses motos.
Desconsiderando
as motos, com consumo muito abaixo dos demais, restariam 22.738 litros de
álcool ou gasolina por cada “veículo de passeio”.
Tomando
como média 50 litros por tanque, cada veículo teria de abastecer 454 vezes ao
ano, ou seja, todos os 365 dias e em alguns até mais de uma vez.
Isso sem levar em conta os feriados e os finais de semana e o fato de Pendências possuir um território de aproximadamente 20 km de largura por 20 km de comprimento.
Isso sem levar em conta os feriados e os finais de semana e o fato de Pendências possuir um território de aproximadamente 20 km de largura por 20 km de comprimento.
Na
ação, que tramitará na Justiça Federal sob o nº 0800509-68.2016.4.05.8403, o
MPF/RN requer a condenação de Ivan Padilha por atos de improbidade que causam
prejuízo ao erário e atentam contra os princípios da administração pública,
cujas sanções incluem ressarcimento do dano, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder
público.
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