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As
investigações do Ministério Público Federal (MPF) que resultaram na prisão
preventiva do ex-presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves,
terça-feira (06) em Natal, detalham a ligação entre o ex-parlamentar com
Eduardo Cunha – que já se encontrava preso no estado do PR – e os outros três
alvos dos pedidos de prisão preventiva no RN: Carlos Frederico Queiroz Batista
da Silva, Erika Montenegro Nesi e Matheus Nesi Queiroz, sendo que estes dois
últimos tiveram suas prisões revertidas em medidas cautelares, após a audiência
de custódia.
Os
dois ex-parlamentares são acusados de receberem propina, por meio de doações eleitorais
oficiais e não oficiais, nos anos de 2012 e 2014, em troca de favorecimento a
empresas de construção civil, como a OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia.
Já
os demais presos pela Operação Manus,
da Polícia Federal, auxiliaram Henrique Alves na ocultação dos valores
recebidos ilegalmente.
Os
pedidos de prisão preventiva feitos pelo MPF/RN à Justiça Federal apontam que “pelo menos desde 2012, os então deputados
federais Eduardo Cunha e Henrique Alves mantinham estreita relação com 'Léo
Pinheiro', na época presidente do grupo empresarial OAS, prestando-lhe favores
de ordem político-parlamentar em troca de vantagens indevidas pagas
principalmente por meio de doações eleitorais oficiais”.
Diversas
mensagens de Eduardo Cunha a representantes da empresa revelam a preocupação
com repasses de dinheiro a Henrique Alves.
Somente
em 2012, a OAS doou ao Diretório Nacional do PMDB um montante de R$ 3 milhões.
Além
disso, a investigação do MPF aponta que valores eram repassados mesmo fora do
período eleitoral.
Henrique
Alves manteve com Leo Pinheiro – cujo nome é José Adelmário Pinheiro Filho – um
total de 206 contatos telefônicos.
De
acordo com o MPF, ele “atuou diretamente
para satisfazer os interesses da OAS pertinentes à obra da Arena das Dunas, em
Natal”, na qual foi identificado um sobrepreço de R$ 77 milhões.
Eduardo
Cunha, por sua vez, agiu em favor da empresa em questões como a da concessão de
aeroportos e também quanto à rolagem da dívida pública do município de São
Paulo.
Na
campanha de 2014, Henrique Alves – candidato derrotado a governador do RN – declarou
ter recebido da OAS, via Diretório Estadual do PMDB, um total de R$ 650 mil em
doações oficiais.
No
entanto, os dados bancários obtidos durante a investigação apontam para o
repasse, pela empresa a esse mesmo diretório, de um total de R$ 3 milhões
naquele ano.
Já
da Odebrecht foram R$ 4 milhões repassados ao Diretório Nacional, que
transferiu ao Diretório Estadual e fracionou os valores para a campanha do
então candidato.
Executivos
da empreiteira informaram ainda o repasse de R$ 2 milhões em recursos não contabilizados,
ou não informados (caixa dois), no mesmo ano de 2014.
Da
Carioca Engenharia vieram R$ 400 mil em doações eleitorais.
Eduardo
Cunha mantinha uma “relação antiga de
recebimento de propina”, em troca da defesa dos interesses dessa empresa em
negócios envolvendo financiamentos da Caixa Econômica Federal, e foi quem
solicitou o repasse dos valores indevidos a Henrique Alves.
O
MPF acrescenta que a prestação de contas de Henrique, referente à campanha de
2014, contém “indícios de ilicitude não
só na obtenção de receitas (…), mas também na realização de despesas”, que
teriam sido em boa parte simuladas para justificar a utilização ilícita das quantias
recebidas como propina.
Nesse
sentido, os procuradores requereram a prisão preventiva de Carlos Frederico
Queiroz Batista da Silva, Erika Montenegro Nesi e Matheus Nesi Queiroz (pai,
mãe e filho), tendo em vista a participação dos três na ocultação dos valores
indevidamente recebidos e pelo fato de que, pessoalmente ou através de suas
empresas, “os investigados ainda podem se
prestar a servir como instrumento de lavagem de capitais” para Henrique
Alves.
Foram
identificadas, a partir de informações da Receita Federal e do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf), movimentações milionárias – com
indícios de irregularidades – em empresas dos envolvidos, como a Pratika
Locação, durante a campanha de Henrique Alves em 2014.
Tais
movimentações incluíam saques em espécie de valores elevados, em pleno período
eleitoral.
“Seus nomes e empresas se prestaram a simular
gastos com serviços de campanha para justificar a utilização também ilícita e
oculta das quantias em provável compra de votos ou até mesmo em proveito
pessoal”, indica o MPF.
Além
das prisões preventivas, o MPF obteve da Justiça Federal no RN a condução
coercitiva de Arturo Silveira Dias de Arruda Câmara, Raline Maria Costa
Bezerra, José Eurico Alecrim Filho, João Gregório Júnior e Jaime Mariz de Faria
Júnior.
Também
foram deferidos os pedidos de busca e apreensão em 16 endereços de empresas e
residências localizadas em Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante,
incluindo a sede do Diretório Estadual do PMDB e das empresas Pratika Locação,
Peron Filmes e Art&C.
Os processos tramitam na
Justiça Federal no RN sob os nº0001430-69.4.05.8400 e nº 0000206-62.2017.4.05.8400.
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