Foto: Assessoria Sindipetro/RN |
Possui
data de quinta-feira última (1º), a Nota de Repúdio assinada pela diretoria
colegiada do Sindicato dos Petroleiros do RN (Sindipetro/RN), divulgada
publicamente pela página eletrônica da entidade, em protesto contra a decisão
anunciada na mesma data pela direção da Petrobras de finalizar as atividades da
Usina de Processamento de Biodiesel, localizada no Polo Industrial de Guamaré.
Leia,
abaixo, a íntegra da Nota de Repúdio:
A Diretoria
Colegiada do SINDIPETRO-RN vem a público manifestar o seu mais veemente repúdio
à decisão da Petrobrás de encerrar, a partir desta quinta-feira, 1º/10, as
atividades da Usina de Processamento de Biodiesel, localizada no Polo
Industrial de Guamaré. Além de causar perplexidade e repulsa na sociedade, a
determinação amplia ainda mais o sentimento de indignação da categoria
petroleira norte-rio-grandense com a orientação gerencial que vem sendo imposta
pelo atual Conselho de Administração da companhia, eleito em abril. Inaugurada
oficialmente em 2006, a Usina de Biodiesel de Guamaré atravessou longo período
em fase experimental. E, foi apenas em 2015, depois de realizar uma série de
obras e adaptações que totalizaram investimentos estimados em pelo menos R$ 5,1
milhões, que a unidade recebeu da ANP as autorizações para operar (fevereiro) e
comercializar (maio) a produção. A partir de então, a Planta começou a ter uma
utilização mista, com foco no mercado, mas sem deixar de desenvolver pesquisas
para o desenvolvimento tecnológico na área de biodiesel. Com capacidade de
produção de 56 m3/dia, ou 20,1 milhões de litros de biodiesel por ano, a Usina
de Guamaré vinha operando, até esta quarta-feira, 30, com óleo de algodão
semirrefinado e óleo de soja refinado, adquiridos nos Estados do Ceará e da
Bahia, já que a produção potiguar de mamona e girassol foi duramente afetada
pela seca. A direção da Unidade, entretanto, mantinha entendimentos com o
Governo do Estado do RN a fim de que fossem desenvolvidas, em âmbito local,
cadeias de suprimento de oleaginosas para dar suporte às atividades produtivas.
Antes da decisão de fechamento, a Usina de Guamaré já processava 30
toneladas/dia de matéria prima e, pela capacidade instalada, teria potencial
para aquisição de 20 mil toneladas/ano de óleo vegetal e gordura animal. Esse
volume permitiria gerar emprego e renda para milhares de famílias, demonstrando
que, além de desperdiçar recursos, a desativação da Planta significa um golpe
na economia local e regional, que também vai na contramão de compromissos
assumidos internacionalmente pelo governo brasileiro, nas áreas de meio
ambiente e energia. Em recente discurso realizado na Conferência da ONU para a
Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, em Nova York, a presidenta Dilma Rousseff
anunciou que, até 2030, o Brasil pretende garantir um total de 45% de fontes
renováveis em sua matriz energética, com a participação de 16% de etanol
carburante e das demais biomassas, neste total. Sob o atual Conselho de
Administração, no entanto, a Petrobrás age cada vez mais como uma empresa
privada independente, sem qualquer preocupação ou compromisso com os interesses
nacionais. Prova disso é que, conforme admitiu o próprio presidente da
companhia, o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, aprovado pelo Conselho de
Administração, está orientado para “gerar o máximo de valor aos acionistas e
investidores”. E, para tanto, não são economizados esforços. Comparado à edição
anterior (PNG 2014/18), o PNG reduz investimentos em cerca de US$ 76 bilhões;
projeta uma arrecadação de US$ 57,7 bilhões proveniente da venda de ativos,
além de concentrar recursos em atividades de exploração e produção na camada
pré-sal. Caso sejam concretizadas, tais metas significarão o desmantelamento da
Petrobrás como empresa integrada de produção de energia, que trabalha em
pesquisa, prospecção, exploração, produção, refino, distribuição e
comercialização de petróleo e de outras fontes de energia, assim como,
representarão um forte rebaixamento de seu papel estratégico, enquanto
instrumento estatal de fomento ao desenvolvimento soberano da Nação e de combate
às desigualdades regionais. Isto, porque, sob o argumento da necessidade de
redução do endividamento e de aumento da remuneração dos acionistas, o que o
PNG 2015-2019 vai desenhando é um modelo de empresa segmentada, focada na
produção e exportação de óleo cru, sem qualquer preocupação com a promoção e
geração de mais empreendimentos e empregos de qualidade no País, fazendo com que
economias locais em que a indústria do petróleo tenha peso significativo, como
a do Rio Grande do Norte, sejam duramente atingidas. Por tudo isso, convencida
de que os interesses mais gerais da categoria petroleira expressam justos
anseios do povo, a Diretoria Colegiada do SINDIPETRO-RN conclama os diversos
segmentos sociais, econômicos e políticos que integram a sociedade
norte-rio-grandense a se manifestarem. Não aceitamos que um patrimônio
construído com o suor e a inteligência de muitas gerações de brasileiros, seja
manipulado e instrumentalizado para atender os interesses de uma minoria, ávida
pelo lucro fácil e rápido. Pela retomada do funcionamento da Planta de
Biodiesel em Guamaré! Abaixo o Plano de Negócios Gestão 2015-2019 da Petrobrás!
Pela manutenção da Petrobrás como instrumento estatal de fomento ao
desenvolvimento!
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