domingo, 29 de outubro de 2017

Literatura: Lançamento de livro-reportagem resgata história da morte de diplomata durante a ditadura

Imagem: Reprodução
No ambiente sufocante do regime militar, o diplomata brasileiro Paulo Dionísio de Vasconcelos morre em circunstâncias misteriosas na cidade holandesa de Haia, em 1970, sem que as autoridades tenham se empenhado em desvendar o episódio obscuro.
Essa história é contada pelo jornalista Eumano Silva no livro “A morte do diplomata: um mistério arquivado pela ditadura”, que traz informações inéditas sobre o caso e o período do autoritarismo no Brasil.
Publicado pela Tema Editorial, o livro percorre a vida de Paulo Dionísio e suas conexões com a diplomacia brasileira, na época em que o país vivia sob o comando de generais ansiosos por projetar uma imagem favorável no exterior – mesmo que internamente a realidade fosse opressiva e dolorosa.
O lançamento ocorre nesta terça-feira (31), às 19h, na Livraria Cultura, em São Paulo, de acordo com informação da assessoria de imprensa.
É nesse contexto que o jovem vindo de MG projeta sua trajetória pessoal e profissional, interrompida pouco antes de completar 35 anos de idade.
Com linguagem direta e substantiva, Eumano Silva lança mão da estrutura narrativa dos livros de ficção policial para contar uma história verdadeira, baseada em documentos e entrevistas.
Foram dois anos de trabalho para reconstituir os fatos de quase cinco décadas atrás e montar a grande reportagem sobre um personagem à margem do fio principal dos acontecimentos, mas que proporciona uma visão singular do cotidiano daqueles dias atravessados pelo regime político de exceção.
A família de Paulo Dionísio franqueou ao autor do livro documentos, fotos, recortes de jornais e até mesmo o diário pessoal do diplomata, que tinha o hábito de escrever copiosamente sobre os mais variados temas.
Mais do que isso, os familiares concederam-lhe uma procuração para ter acesso a documentos do Itamaraty relacionados ao caso.
O resultado é rico em informações inéditas, com a ressalva de que “foi um trabalho totalmente independente, sem nenhuma interferência”, como sublinha Eumano Silva.
No meio do processo minucioso de pesquisa, o autor deparou-se com documentos reveladores sobre o cenário em que a diplomacia brasileira estava mergulhada à época.
Constatou, por exemplo, a extensão da teia de vigilância armada para acompanhar os movimentos de Dom Helder Câmara em países estrangeiros, como se o líder católico brasileiro, que lutava com palavras e gestos, representasse um perigo mortal para o regime.
Também apurou as iniciativas quase caricatas dos comandantes militares para apresentar lá fora um país risonho e bem-sucedido.

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