![]() |
| Imagem: Reprodução |
No
ambiente sufocante do regime militar, o diplomata brasileiro Paulo Dionísio de
Vasconcelos morre em circunstâncias misteriosas na cidade holandesa de Haia, em
1970, sem que as autoridades tenham se empenhado em desvendar o episódio
obscuro.
Essa
história é contada pelo jornalista Eumano Silva no livro “A morte do diplomata:
um mistério arquivado pela ditadura”, que traz informações inéditas sobre o
caso e o período do autoritarismo no Brasil.
Publicado
pela Tema Editorial, o livro percorre
a vida de Paulo Dionísio e suas conexões com a diplomacia brasileira, na época
em que o país vivia sob o comando de generais ansiosos por projetar uma imagem
favorável no exterior – mesmo que internamente a realidade fosse opressiva e
dolorosa.
O
lançamento ocorre nesta terça-feira (31), às 19h, na Livraria Cultura, em São
Paulo, de acordo com informação da assessoria de imprensa.
É
nesse contexto que o jovem vindo de MG projeta sua trajetória pessoal e
profissional, interrompida pouco antes de completar 35 anos de idade.
Com
linguagem direta e substantiva, Eumano Silva lança mão da estrutura narrativa
dos livros de ficção policial para contar uma história verdadeira, baseada em
documentos e entrevistas.
Foram
dois anos de trabalho para reconstituir os fatos de quase cinco décadas atrás e
montar a grande reportagem sobre um personagem à margem do fio principal dos
acontecimentos, mas que proporciona uma visão singular do cotidiano daqueles
dias atravessados pelo regime político de exceção.
A
família de Paulo Dionísio franqueou ao autor do livro documentos, fotos,
recortes de jornais e até mesmo o diário pessoal do diplomata, que tinha o
hábito de escrever copiosamente sobre os mais variados temas.
Mais
do que isso, os familiares concederam-lhe uma procuração para ter acesso a
documentos do Itamaraty relacionados ao caso.
O
resultado é rico em informações inéditas, com a ressalva de que “foi um trabalho totalmente independente, sem
nenhuma interferência”, como sublinha Eumano Silva.
No
meio do processo minucioso de pesquisa, o autor deparou-se com documentos
reveladores sobre o cenário em que a diplomacia brasileira estava mergulhada à
época.
Constatou,
por exemplo, a extensão da teia de vigilância armada para acompanhar os
movimentos de Dom Helder Câmara em países estrangeiros, como se o líder
católico brasileiro, que lutava com palavras e gestos, representasse um perigo
mortal para o regime.
Também
apurou as iniciativas quase caricatas dos comandantes militares para apresentar
lá fora um país risonho e bem-sucedido.


Nenhum comentário:
Postar um comentário