Auditoria
operacional do Tribunal de Contas do Estado do RN (TCE/RN) verificou que o RN
não conseguiu executar integralmente o programa de esgotamento sanitário
relativo ao período de 2008 a 2011 e deixou de investir cerca de R$ 337
milhões, motivado por deficiências no planejamento, na execução e no
acompanhamento do programa.
O
fato é noticiado pela assessoria de comunicação social do TCE/RN, em Natal.
Diante
do que foi contatado, o corpo técnico sugere que se determine à Companhia de
Abastecimento de Águas e Esgotos do RN (CAERN), Secretaria Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), Secretaria do Gabinete Civil e
Controladoria Geral do Estado a apresentação de um plano de ação no prazo de 60
dias para sanar os problemas encontrados.
Além
disso, indica a expedição de 13 recomendações, relacionados à melhoria da
execução do programa de saneamento básico do estado, entre elas proporcionar
meios para que os municípios façam seus planos de saneamento, criar critérios
para elaboração de projetos e exigir rigor da parte dos projetistas na
concepção desses serviços.
O
Programa 2722 – Esgotamento Sanitário foi incluído no Plano Plurianual 2008/2011
com a previsão de investimento de R$ 558,4 milhões, sendo R$ 236,8 milhões de
recursos federais, R$ 245,1 milhões de recursos de operações de créditos, R$
61,4 milhões de recursos próprios e R$ 14,9 milhões de outras fontes.
Os
valores seriam destinados a implantar cerca de 28 mil ligações de esgotamento
sanitário, ampliar cerca de 169 mil e melhorar outras duas mil.
Desse
total, foram executados 18,3% das ligações de esgoto e R$ 220,8 milhões dos
recursos disponíveis.
Em
virtude das dificuldades, a evolução na cobertura de esgotamento sanitário
planejada para o período ficou prejudicada.
O
Plano Plurianual 2008/2011 fixava um salto de 19,16% para 50,94% de cobertura,
contudo o Estado chegou a apenas 23,65%.
A
maior parte das ações orçadas e não executadas para o período de 2008 a 2011 se
repetiu no Plano Plurianual em curso atualmente, que compreende os anos de 2012
a 2015.
No
novo plano, há recursos da ordem de mais de R$ 1 bilhão.
Os
principais entraves para a aplicação dos recursos e o cumprimento da meta
estabelecida nos quatro anos analisados são falhas na elaboração de projetos e
dificuldades com licitações para aquisição de materiais e serviços, entre
outros.
Esses
problemas provocam atrasos e acréscimos nos preços das obras.
O
Sistema de Esgotamento Sanitário de Angicos, por exemplo, sofreu um acréscimo
de 209,84% em relação ao previsto.
Custaria
R$ 2.662.094,94 e deverá custar R$ 5.576.592,12.
“A demora na execução das obras projetadas,
muitas vezes, favorecem a necessidade de alterações no projeto, por mudanças na
situação das áreas que inicialmente foram previstas para as instalações ou
equipamentos dos sistemas de esgotamento projetados”, explica o texto da
auditoria.
Por
sua vez, a falta de estudos e diagnósticos em esgotamento sanitário contribui
para agravar a questão.
Os
estudos realizados para balizar os projetos muitas vezes são insuficientes, o
que também provoca atrasos.
“Não são raros os casos de necessidade de
adequação do projeto à realidade do campo, o que demonstra fragilidade na
elaboração dos projetos básicos quando da contratação dos serviços”, diz o
relatório.
A
fragilidade dos projetos também traz dificuldade para a obtenção de licenças
ambientais, o que resulta mais uma vez no atraso nas obras de esgotamento
sanitário e consequente desperdício de recursos.
Além
disso, a elaboração de planos de saneamento básico não vem sendo uma rotina no RN.
Com
os planos de saneamento, é possível identificar as carências de cada comunidade
e que projetos são indicados para resolver essas carências.
Sem
os planos, o desenvolvimento dessas ações se dá de maneira desordenada.
O
relatório de auditoria operacional identificou que o estado não conta com um
plano estadual, Natal ainda não finalizou o seu plano municipal, assim como a
maior parte dos municípios também não têm os seus planos de saneamento.
Em
relação aos municípios potiguares, o alto custo para produzir os planos é um
empecilho.
Com a necessidade de contratar consultorias para a elaboração, um plano custa cerca de R$ 150 mil por município, segundo dados do relatório de auditoria.
Com a necessidade de contratar consultorias para a elaboração, um plano custa cerca de R$ 150 mil por município, segundo dados do relatório de auditoria.
“Esta tem sido a principal causa de
dificuldade para os municípios poderem elaborar seus planos, pois sem dúvida
trata-se de custo elevado para ser suportado pelos orçamentos municipais em
grande parte do estado”, aponta o relatório.
As
sugestões do relatório serão analisadas pela conselheira Adélia Sales, relatora
do processo, que irá elaborar o seu voto e levar a matéria para votação no
Pleno do TCE/RN.


Nenhum comentário:
Postar um comentário