A
apropriação de terras é uma prática controversa muito comum em países em
desenvolvimento, na qual investidores adquirem – de forma ilegal ou não –
terrenos nessas nações para a realização de grandes investimentos, geralmente
agrícolas, com foco na exportação de alimentos e biocombustíveis.
Mas
um novo estudo aponta que essas terras poderiam alimentar milhões de pessoas se
fossem de propriedade das populações locais.
A
reportagem é de Jéssica Lipinski, publicada pelo portal CarbonoBrasil.
A
pesquisa, publicada quinta-feira (26) no periódico Environmental Research Letters, sugere que esses grandes
empreendimentos costumam arruinar os agricultores de pequena escala e de
subsistência, retirando deles suas terras e deixando-os sem condições de produzirem
seu próprio sustento.
Mas
os autores da nova análise afirmam que não é necessário que seja assim, e que
poderia haver inclusive ganhos com as tecnologias desses empreendimentos.
“Os legisladores precisam estar cientes de
que, se esse alimento fosse usado em benefício das populações locais, seria
suficiente para diminuir a desnutrição em cada um desses países. Tais
investimentos levariam a melhoras substanciais na produtividade das culturas,
principalmente nas nações africanas”, escreveram Maria Cristina Rulli e
Paolo D’Odorico, da Universidade Politécnica de Milão e da Universidade da
Virgínia, respectivamente.
Para
chegar a essa conclusão, os cientistas calcularam as aquisições de propriedades
de mais de 200 hectares realizadas em países em desenvolvimento desde 2001, o
que totalizou 31 milhões de hectares.
Em
seguida, estimaram a produtividade das colheitas se essas terras tivessem sido
deixadas para os povos locais com seus métodos agrícolas tradicionais, e também
a possível produtividade das plantações usando métodos tecnológicos dos grandes
empreendimentos.
Se
a terra fosse cultivada com 100% de sua capacidade, através das formas mais
tecnológicas, poderia alimentar entre 300 milhões e 550 milhões de pessoas.
Sem
as tecnologias dos investidores, a terra poderia alimentar de 170 milhões a 370
milhões de pessoas.


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