segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

ONU: Armas do Brasil violam embargo internacional a país africano

Investigadores das Nações Unidas encontraram armamento não letal de fabricação brasileira na Costa do Marfim, em violação ao embargo imposto pelo Conselho de Segurança.
A informação está em um relatório apresentado em outubro ao órgão máximo da Organização das Nações Unidas (ONU), com documentos confidenciais da empresa Condor, a fabricante das armas, e fotos do arsenal made in Brazil descoberto.
A reportagem é de Roberto Simon e publicada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta segunda-feira (02)
O governo brasileiro alegou aos investigadores internacionais que as armas foram vendidas a Burkina Faso, e não à Costa do Marfim.
O Itamaraty enviou à ONU o contrato de venda entre o governo burquinense e a Condor – assinado pelo diretor comercial da companhia, Ricardo Bester –, o qual proibia a reexportação das armas.
O relatório das Nações Unidas não chega a uma conclusão sobre como elas foram parar no território marfinense.
O pacote vendido pela empresa incluiu 700 lançadores de granadas não letais e milhares de projéteis, ao custo de cerca de R$ 2,7 milhões.
As armas foram destinadas diretamente ao "Estado-maior particular da presidência" do país do oeste africano, segundo os documentos obtidos pela ONU.
O embaixador de Burkina em Brasília, Alain Ilboudo, disse que não estava "informado" sobre o caso e deixou sem resposta as perguntas do Estado.
O Conselho de Segurança da ONU impôs o embargo de armas à Costa do Marfim em 2004, tentando frear uma guerra civil que se estendia por quase cinco anos.
A situação marfinense, porém, continua altamente volátil: em 2011, o presidente Laurent Gbagbo recusou-se a reconhecer a vitória nas urnas do rival Alassane Ouattara, e o país voltou a ser palco de batalhas de rua e massacres.
Em abril daquele ano, tropas francesas intervieram e prenderam Gbagbo.
Em uma aparente coincidência, cinco dias após a publicação do relatório da ONU informando sobre as armas brasileiras, a Casa Civil em Brasília publicou o decreto, assinado pela presidente Dilma Rousseff, que renovava o compromisso com o embargo internacional à Costa do Marfim.

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