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Imagine
um bancário que, ao conversar com um dos clientes do banco consegue extrair um
mote para fazer um poema.
Até
mesmo as figuras mais tresloucadas e inusitadas do bairro do Alecrim, na capital
do RN, onde morou parte de sua vida, se transformam em personagens líricos para
sua poesia.
Marcos
Antônio Campos, leitor desde sempre, gostava de rabiscar uma coisa ou outra no
papel, mas não se levava a sério como poeta.
Até
que instituições culturais começaram a premiá-lo por poesias que enviava.
O
primeiro livro “Um Bêbado Sonhador” que será lançado na próxima terça-feira
(25), na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), situada à Avenida Hermes da Fonseca, em Natal, a
partir das 18h, levou cinco anos para ser concluído, salienta informação da
assessoria de imprensa.
Mas,
16 poesias, dentre as várias contidas nele, já ganharam o mundo e prêmios
literários.
“Eu não acreditava em mim, só mudei essa
visão quando comecei a enviar poemas para prêmios e a receptividade foi muito
boa”, lembra o autor.
Inclusive,
após o lançamento em Natal, Marcos Campos irá à cidade de Paranavaí (PR) para
receber o prêmio “Barriguda”, pelo poema Cálice,
que está no livro.
Um
Bêbado Sonhador comporta tanto poemas
em versos, quanto poemas visuais e concretos.
Deixando
de lado o costumeiro “eu lírico”, as observações do cotidiano e seu inegável
olhar criativo dão o mote para sua escrita.
O
poema Subliminar, por exemplo, nasceu
a partir de uma frase que ouviu de um bispo, no qual ele dizia que toda palavra
era “uma semente”.
“Primeiro, tentei fazer um soneto. Mas,
depois comecei a refletir sobre a palavra e sobre a força do palavrão, então
fiz um poema com versos sobre a palavra, e num outro verso, disposto como se
refletisse um espelho, sobre a força do palavrão”, explica.
Um
outro intitulado Infernando também foi extraído de uma conversa com um cliente.
Formado
em Letras, Administração e Ciências Contábeis, Marcos Campos vai oferecer
algumas surpresas aos leitores no dia do lançamento.
Porque
ele acredita que o exercício da poesia comporta mais que leitura: “Eu opto por brincar com as palavras. A
poesia não deve ser só lida, ela deve ser sentida, vista, declamada, dançada, vivida”,
sugere.
De
maneira que, ninguém duvido que ele fará várias coisas para comprovar suas
teorias.
Sua
rotina de escrita geralmente se dá à noite. Ao ler outros escritores, sempre
pode surgir uma ideia.
E
até mesmo quando está atendendo a um cliente no Banco onde trabalha: “o poema “Infernando” foi extraído de uma
conversa com um cliente no banco. Noutro, ‘Desamarrar o bode’ também”.
Marcos
Antônio Campos faz parte da Sociedade dos Poetas Vivos e sempre está se
reunindo com amigos e escritores para um bate-papo num café cultural de uma
livraria da cidade.
De
lá, também saem algumas inspirações para escrever.
As
leituras prediletas são várias: Catulo da Paixão Cearense, Patativa do Assaré,
Castro Alves e, sobretudo, Augusto de Campos são seus brasileiros preferidos.
Já
no campo internacional, Marcos Antônio Campos gosta da poesia russa, de Bocage,
Florbela Espanca, Garcia Lorca e Baudelaire.
“Para que a poesia aconteça é necessário o
leitor. Você não escreve para si mesmo. Me considero um leitor. Gosto de riscar
o que estou lendo e passar livro adiante”, diz o escritor.
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